sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vejo.

Vejo gente, vejo formas, cores, ruas. Vejo o sol nascendo, vejo as coisas que compro, vejo a lua, vejo as pessoas que amo e os lugares que vou. Vejo as casas, os prédios, vejo minhas roupas, maquiagens, minha chapinha, meus papéis. Vejo a água caindo da torneira, a claridade que me acorda, a comida que tenho todo o dia. Vejo meus amigos, minhas cartas, vejo meu cabelo molhado, seco, bagunçado. Vejo morte, pela tv, vejo sangue, pela tv. Vejo fome, miséria, corrupção, tudo pela tv. Vejo cenas fortes, vejo lugares que nunca gostaria de estar, pela tv. Vejo cores vivas, cores fracas e sei que não quero vê-las de perto, só pela tv. Vejo pessoas chorando, com sede, com aids, com câncer, desnutridas e desamparadas, mas nunca perto, sempre pela tela da tv. Vejo pessoas gritando por comida, por remédios, por coragem e aclamando por esperança. Vejo-as pedindo, suplicando por alguém, vejo-as sendo devoradas por animais, vejo-as aos montes morrendo por falta. Falta de hospitais, falta de grana, falta de trabalho, falta de religião, de Deus, falta de alguém pra ajudar, falta de vida. Vejo tudo e mais um pouco, pela tela da televisão. Vejo tudo, sinto o que posso e faço apenas o que quero fazer. Parece que não só eu, todo o mundo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Foi engraçado como tudo aconteceu, quando eu parei de esperar"

  Eu sempre olhava ao redor e via certos amigos, conhecidos, parentes muito felizes. Alguns estavam ficando noivos, outros casados e alguns namorando. E o que tinham em comum era o fato de estarem rindo à toa... Eu sempre olhava e achava lindo mesmo! Já sonhei acordada várias vezes, esperando alguém vir e mudar logo aquela situação e me fazer igual aos outros: rindo à toa!
  O tempo passava, com ele surgiam novas pessoas, alguns garotos nos quais jurei que fossem me proporcionar o que eu tanto queria. Pura ilusão, os primeiros me iludiram. Dai passei a esperar alguém bem melhor. E não é que apareceu? Mas esse "melhor" durou apenas algumas semanas, até eu ver quais eram as verdadeiras intenções do sujeito.
  Mais uma vez o tempo foi passando e com ele minha paciência para assuntos que fossem relacionados a relacionamentos verdadeiros. Minhas opiniões sobre isso foram mudando gradativamente. Quando me toquei, já estava olhando pros casais e pensando no quão era estúpida essa história de se casar, de namorar, de sei lá o que fosse! Eu achava ridículo aqueles apelidinhos carinhosos e aquelas doses de "eu te amo".
  Com o tempo eu havia constatado o óbvio, de que tinha me amargurado sem perceber. Não via mais beleza no que era mais lindo, aquelas coisas que antes me cativavam, já não me surpreendiam mais, muito pelo contrário, existiam coisas nas quais eu abominava.
Tudo ia bem, era o que eu pensava. Sem amores, sem dores. Esse era o meu lema. Não esperava absolutamente nada. Não fazia esforço pra nada. Sofria sim, mas a sós, comigo mesma e em momentos raros.
  Eu me tornei uma pessoa estável, era isso. Continuava com minhas rotinas de ir a aula, ao dentista, ao cabeleireiro, ao shopping, a praça... Relacionamentos? Só se fossem os que eu tenho com meus amigos e familiares, de resto nada me vinha a cabeça. Vivi assim por muito tempo, sem esperar. Na realidade sem nem me tocar de que não estava esperando alguém.
  Foi incrível como algumas coisas aconteceram depois. Sabem de uma coisa? Eu acabei por conhecer alguém que eu já não esperava mais. Alguém que me fez enxergar tudo diferente, mesmo que pra isso não forçasse, tudo acontecendo naturalmente. Sem cobranças, sem tantas certezas, e o principal, sem aquela espera incontrolável de alguém que me fizesse rir à toa. A cobrança havia sido anulada nessa história. E engraçado mesmo é que foi a melhor história de todas. Na verdade, essa foi a primeira.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Só não pense que eu esqueci...

...das horas perfeitas de momentos eternizados. Não pense que joguei pro alto aqueles conselhos sempre tão certeiros e aquelas incertezas que sempre eram certas. Não pense que esqueci dos abraços e da prova de amizade a cada conversinha, por mais idiota que fosse. Vê se não fica por ai dizendo que eu não me importo ou que não faço questão de ter ter por perto, afinal, como disse alguma outra vez: és única!
   Não pense que eu esqueci dos momentos difícieis que enfrentamos ou nas gargalhadas que nós demos, nas idiotices que a gente falava e até daquelas vezes que a gente jurou uma pra outra que somos amigas acima de qualquer problema. Não pense que eu esqueci daquelas fofocas que vinhas me contar, e até dos nossos "pits" por pessoas assim... tão pequenas. Não quero que aches que me esqueci da confiança que deposito em ti até hoje e do orgulho que sinto de mim mesma por ser capaz de guardar teus segredos, alguns tão inseguros e tão seus.
   Não quero que aches que me esqueci do apoio que já me deste, e da vontade com a qual me fizeste sentir vontade pra acreditar e saber afastar aquelas pessoas que eram tão contra mim. Hoje mais do que tudo, te agradeço. Obrigada por provar ser uma das pessoas mais especiais que a vida já me deu em meio a tanto caos. Obrigada além de tudo, por provar seres extremamente única, mesmo que isso nem seja intencional. Já aprendi muito, e por favor não pense que eu esqueci.

Pra minha amiga linda, Bianca Duarte. É mana, Feliz aniversário!

domingo, 8 de agosto de 2010

Ouçam:

"Resposta" do Skank

e só!

Condene-se (?)

De vez em quando eu testemunho algum papo mais ou menos assim:
- Ah amiga, meu passado me condena!
- É, lembras daquele Fulano? COMO EU PUDE?
- E tu lembras do Cliclano? Gente ele era gordo. Eu era cega mesmo!

  Alô! Isso é condenação? Em que mundo estamos, alguém me responde? A gente deveria era se sentir condenado por certas besteiras que já falamos pra ofender, por atitudes que tomamos para ferir alguém ou a nós mesmos, e não por alguma pessoa que beijaste por algum motivo que hoje desconheces. Ser cego de verdade é simplesmente fechar os olhos pro resto do mundo e se concentrar apenas naquilo que seja apenas pra si.
  A gente deve se condenar mesmo pelas chances que deixamos passar, por pessoas que deixamos de amar, ou por aquelas que amamos demais. Pelo emprego que não pagava bem, mas que fez uma falta tremenda depois que foi preciso 100 reais pra pagar o conserto do carro. A gente deve se condenar por estar tão acostumado com pessoas carentes e não se sensibilizar com uma criança na janela do carro pedindo qualquer coisinha que nem faria falta. Temos que nos condenar pela falta de vontade de ser feliz, de deixar a felicidade bater a porta e dizer "agora não", a gente precisa se condenar ao sair de casa pra ir ao shopping, pra algum bar, para o caramba e não dar nenhuma olhadinha pro lado de fora do carro e prestar atenção no pôr-do-sol. 
  Sem dúvida abomino certos garotos com os quais eu fiquei, mas jamais me condeno por isso! Eu hein, me poupe, afinal, nem paro pra pensar nisso! A abominação é tamanha que até me esqueço. Mas me desculpe, ME condenar por esse tipo de coisa já seria demais! Me condeno sim, mas por coisas que realmente valeram a pena e que deixei passar, por algum motivo qualquer, sei lá...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa"

Quero correr mais, mas algo para por mim. Não julgo mais, mas alguma coisa julga dentro de mim. Há lugares em que não me fascinam e existem pessoas que quero distância, não por apenas achá-las chatas. É algo além, muitas delas são até legais, mas não possuem aquilo... brilho. Não me refiro ao brilho de uma celebridade que vive tonta de tanta gente que rodeia. Me refiro a um brilho direfente, constante. Algo diferente no olhar. Algo que reluz quando é olhado e ilumina quando todos os outros olhos se fecham. Um olhar que fala por si, que não necessita de olfato, paladar, tato. Ele sozinho, dá conta de tudo de uma só vez. Ele é capaz de iluminar um quarto escuro, e pôr luz em algum quatro de artes monocromático. Esse olhar, te motiva, te diz sem dizer: "vai lá, eu te guio por aqui de onde estou." Então, corres pelas estradas e percebes que os caminhos te iluminam no decorrer de suas caminhadas, até o final. 
 De imediato, a luz é tão forte, que dói. Pra alguns, ela dói até hoje, pra outros só por alguns dias, logo depois se apaga. Existe também alguns que não se atrapalham com nada, porque nunca conseguem enxergar nem um pontinho dessa luz. Para aqueles que conseguem enxergá-la, o foco já surge antes mesmo de ser pedido. É a luz, que te ilumina em qualquer estrada. E quanto mais você acredita, por mais tempo ela ilumina. A luz se chama Essência, e ela não se apaga no meio do caminho, porque ela está dentro de você!

Liberte-se


  Não sei o que me vem na cabeça quando escrevo. Poderia dizer que são apenas as palavras mesmo, que aos poucos, como água, escorrem pelos meus dedos e que por consequência, tocam as pessoas de alguma maneira. Nunca me achei disposta a escrever apenas para fascinar alguém, mas sei que tenho o dom. Assim como todo mundo tem. Nem todos o da escrita, mas para conhecimentos espetaculares, como astronomia, tecnologia, gastronomia, ciências exatas e mais! Cada um, por maior que seja a modéstia, sabe o que tem a oferecer e por consequência, encantar.
  Antes eu era tão assim, aflita. Sempre me preocupava com os olhares e as opiniões das pessoas ao redor. Hoje, percebo que críticas são válidas sim, mas nunca para definirem de fato o que sou. Esse mundo pertence a mim, e não há palavra maior que a minha ou tom mais agudo que o meu que me faça achar que o meu mundo está relacionado ao que vem de fora. Aqui ninguém entra, ninguém sai. Quer dizer... há momentos que preciso sair, voar, ir, correr, sentir! Mas assim como uma criança obediente: vou, mas volto.
Palavras quando são ditas por mim, não sinto que valham tanto. Mas quando escrevo, por favor, leia. E por mais que não se fascine, me respeite. Eu jamais lhe ofenderia, mesmo que sua qualidade não me motivasse.
  Com o tempo, aprendi a ser assim. Não estou dizendo que estou acima de alguém. Estou acima sim, mas de mim mesma. Agora faço o que gosto, não o que simplesmente fazem. Escrevo o que quero, não o que querem que eu escreva. E embora tanta correria, ando cada vez mais calma, cada vez mais dentro de mim. Não quero que se sintam como eu me sinto, mas garanto que se soubessem o quanto é bom se libertar, de dentro pra fora, assim fariam.

Algo de errado.

  Sinceramente, não sei o que anda acontecendo comigo. Por que será que eu odeio quando alguém diz: "gosto de tudo!" Como alguém pode afirmar gostar de tudo, se vive reclamando de alguma coisa que não lhe agrada? Por que será que eu adoro de paixão ficar em casa? Da maneira como falam, devo ter mesmo algum problema grave. Por que será que eu só gosto de ir pro shopping quando preciso comprar alguma coisa ou quando tem alguém importante lá? Será que é loucura minha não querer sair de casa pra ficar vendo um monte de roupa, e só? Acho que deve ser loucura minha, estar totalmente interessada em alguém e não ficar colada no orkut dessa pessoa deixando um comentário em cada foto, como muitas fazem... Será que é normal ser viciada em ler Martha Medeiros e Caio Fernando? É, do jeito como agem, deve ter mesmo algo de errado comigo...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pois é.

A gente sempre sabe o que faz, até o pior acontecer.
Nós fazemos escolhas, a gente nunca sabe o que tem do outro lado.
Nós tomamos atitudes, a gente nunca sabe da consequência.
A gente fala a verdade, a gente nunca espera a mentira.
A gente pensa que perde, a gente não ganha nada.
A gente guarda amor, a gente apenas guarda.
A gente quer sempre, a gente sempre quer fácil, mas sempre corre pro que não pode ter.

A gente corre! Calma... ainda nem saimos do lugar.
Somos sempre nós mesmos, ainda não somos quase nada.
A gente nunca fala nada, esperamos as palavras do outro.
Buscamos a felicidade. A gente não sabe é que ela só vem quando não é esperada.
Somos tão bacanas, apenas fazemos aquilo que gostaríamos que fizessem por nós.
A gente se afasta, ainda estamos juntos onde não se vê.
Somos fortes, só sabemos disso na derrota.
Somos felizes, são só momentos.
Somos tristes, não conseguimos ver o melhor.
A gente brinca, a gente cresce assim.
Deixamos tudo complicado, consegues descomplicar com a mesma rapidez?
Estudamos para sermos alguém, aprendemos isso na escola?
Erramos pela manhã, esquecemos tudo a noite.
Gostamos de alguém, então podemos magoar por não gostar mais?
Terminamos namoros, casamentos. Apesar, o sentimento quase sempre continua.
Estamos consumidos de objetivos, todos teimam em cuidar do nosso próprio pensamento.
Construímos obstáculos, a gente teme em dizer que eles já estavam lá.
Ficamos parados, são nossos sonhos que correm por nós.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Alô doçura!

  Como diria o lindo Caio Fernando: "Existem pessoas como a cana, mesmo postas na moenda, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura..." De todas as frases que leio sobre diversos autores, essa foi a que mais me fez pensar.       
  Sobre tudo o que vemos, ouvimos ou repassamos, vem a tona reclamação em excesso, tristeza, estresse... Pelas conturbações, todos acham natural explodirem de 3 em 3 horas (como aquelas pessoas que sofrem de gastrite aguda e precisam de alimento nesse intervalo de tempo). Enfim, ser assim é normal não é? Errado. Para os pobres de espírito, pode até ser. Mas existe um seleto grupo de pessoas que ainda enxergam as coisas com uma certa harmonia interior, que conseguem ver a chuva caindo e não reclamarem que ela molha tudo, mas sim agradecem a Deus por não faltar água por essas regiões. Esses tipos de pessoas muitas vezes são confundidas, por serem boas demais, são chamadas de bobas. Por serem amigas demais, são reconhecidas como disponíveis. Coitado mesmo é de quem pensa assim.
  Ainda acredito, com fé, que essas pessoas de verdade andam espalhadas por ai, dispostas a dar e receber o que merecem. Se merecem muito ou pouco, não cabe a mim dizer. Mas esses tipos nunca devem merecer menos do que é melhor, acredito eu. Pelo pouco que sei e apesar das injustiças da vida, o caminho deve ser mesmo por ai...

Por trás de tudo...

  Cabelo bonito não é aquele tingido todo mês, muito menos com escova toda semana. Cabelo bonito, ou melhor, espetacular, é aquele que começa molhado e que vai tomando suas próprias formas. Cabelo lindo é aquele solto em direção ao vento, que faz com ele o que quiser.
  Livro não é bom apenas porque tem a capa mais chamativa e na primeira prateleira. Livro bom mesmo é aquele que geralmente encontramos por acaso, quem sabe até perdido na prateleira dos livros pinks, cheios de tons e designs ilustrados.
  Amor de verdade não é aquele que te fala sobre isso todos os dias, mas sim, aquele que demonstra isso todos os dias. Pode ser um abraço inesperado, com um olhar eternizado ou com aquele: "alô? Não é nada  não, só queria saber como estás, boa noite."
  Homem bonito pode até ser aquele com um corpo escultural e uma voz deslumbrante. Mas queres saber o que é um homem e-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r? É aquele que pode não ter o tal do corpo atraente, mas tem sempre uma barbinha mal-feita que fica roçando seu rosto enquanto beija e te diz besteiras perto do ouvido, que até hoje só vocês dois sabem o que é. O homem espetacular pode não ter carro, mas te proporciona as maiores e melhores gargalhadas dentro de um ônibus lotado. O homem espetacular não é aquele que te fala frases feitas com objetivo de te conquistar. São aqueles que se embolam com o que querem dizer, mas que te beijam como nenhum outro. Resumindo, são aqueles que te conquistam, que te fazem sentir-se amada e desejada, mesmo sem ser intencional.
  E a boca? A mais bonita não é aquela carnuda e atraente. Na realidade, a boca perfeita é aquela que te dá o melhor beijo, que sabe o que e como fazer. É aquela que te deixa entender exatamente o motivo de estar ali.
  Assim como os livros, tudo começa pela capa, mas nada é mais instigante e inevitavelmente melhor do que saber o que tem por detrás das páginas.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Esqueça

Depois de tanto tempo, já estava acostumada, e até a alguns dias atrás, acreditava fielmente de que já estava curada dessa doença. Tudo pura ilusão. Quem diria que um simples soar de voz por ai seria capaz de fazer com que constatasse o óbvio: nada mudou (ou melhor, para não radicalizar e dar uma de dramática, mudou sim, mas em termos). Tem coisas por dentro que não mudam coisíssima nenhuma. Sendo que a muito estou seguindo o que ensinaram: ESQUEÇA, CRESÇA, SIGA EM FRENTE, com mais uma dose de ESQUEÇA. Mas ah, se esforço fosse sinônimo de superação...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Eu te amo, nos dias de chuva

  Nem tudo ia bem para a mais doce das moças, embora nem tivesse consciência de que não era vista assim aos olhos das pessoas, que acreditavam que sua vida era perfeita. Na verdade, não sabiam de nada.
  Se tinha uma coisa que ela adorava fazer no inverno, era escrever e ficar olhando pela janela esperando surgir da neblina que tudo embaçava, aquele rapaz, que a meses se foi com a promessa de que iria voltar, apesar dos perigos que enfrentaria na guerra que a cada dia ia se agravando mais.
Bel, era o nome da doce moça, que estava sempre ali se embalando na cadeira e olhando cada minucioso movimento nas árvores... Sua mãe bem que tentava intervir em tanta espera, e sempre a dizia para colocar o cachecol e ver os dias passando de uma outra maneira. Essa sugestão só conseguia deixar Bel mais atordoada, afinal, só saia de casa para "ver os dias passando" quando estava na companhia dele. Ele que sempre dizia com aquela voz meio rouca: "meu bem, só não esqueça do cachecol"
  Depois de tanta espera, Bel finalmente recebe uma carta dele, que contava de sua saudade e aflição, de seus medos e sua vontade em vê-la. Bel chorou demasiadamente neste dia, mas algo bem no finalzinho da carta a alegrou em especial, ele escreveu: "ó meu bem, só não se esqueça do cachecol"
Os dias foram passando, formaram meses, que formaram anos e mais anos. A moça até que existia, mas somente na alma. Bel havia envelhecido, juntamente com a carta, que ficava guardada dentro de cada livro que ela escrevia sentadinha em sua cadeira de balanço ao lado da janela.
  Depois daquela vez, mais nenhuma carta chegou, e aos poucos, por insistência da própria vida, ela foi deixando de esperar o regresso dele. Apesar disso, sua imagem ela nunca conseguiu esquecer, e nem achava que isso fosse necessário. Já fora de tamanha crueldade não tê-lo mais em sua vida...
  Bel morre. Os empregados não sabiam explicar a causa, portanto acreditaram ser devido a velhice. E após alguns meses resolveram guardar as coisas de Bel e jogar outras fora, era preciso. Pensaram em guardar os livros que ela tanto escrevia e que ficavam empilhados sem utilidade. Mas a única coisa que encontraram escritas nos lotes de folhas era: "Como eu te amo nos dias de chuva..."

domingo, 11 de julho de 2010

Então fica combinado assim...

Nada de sentimento. Pra não ter ilusão. Pra não ter dor no final.
Nada de assumir. Pra não gerar expectativas. Pra não ter decepções no final.
Nada de falar. Pra não ser vítima das próprias palavras. Pra não se ferrar no final.
Nada de odiar. Pra não sentir fraqueza depois. Pra não se contradizer no final.
Nada de dizer “não”. Pra não deixar de fazer nada. Pra não querer voltar atrás no final.
Nada de ligar. Mesmo que queira muito. Pra não ficar puta no final.
Nada de comprar presente. Pra não gastar muito. Pra não ter prejuízo no final.
Nada de demonstrar. Pra não servir de idiota. Pra não querer se mostrar fodástico no final.
Nada de ser o que somos. Temos que ser iguais a todos. Pra não ficar excluído no final.
Nada de beber coca ou suco. Pra poder acompanhar seus amigos. Pra não ser tachado de careta no final.
É. Então fica combinado assim? COMBINADÍSSIMO! Mas nada feito, no final.

sábado, 5 de junho de 2010

Estação de trem.

Pela manhã, como de costume, ele ia até a estação de trem. Só ele entendia o por que sentia aquela vontade insaciável de matar aula pelo menos três vezes na semana e ir olhar os trens chegando e saindo, chegando e saindo... Também gostava de ver a agitação das pessoas, que pareciam estar sempre tão atrasadas, como se o mundo se resumisse apenas nos horários a serem cumpridos, senão, adeus vida boa! Ele, o menino, passava horas pensando e observando aquilo tudo. Pessoas de todas as cores, rítmos, vestimentas. O menino, bem, o menino estava lá com seu uniforme, seu caderno de 15 matérias praticamente novo e sua caneta bic na cor preta. No caderno, até que haviam algumas fórmulas dadas bem no início das aulas. Fora isso, seus desenhos. Se tinha uma coisa que ele não se cansava era de desenhar. Desenhar sobre tudo o que estava vendo ou revendo, ou querendo, talvez.
Muitas das vezes que se sentava no banco e via o movimento na estação, não percebia que todos os dias sem ele notar existia uma menina que o olhava. Ela, rica, só pegava trens depois de muita insistência ao seu pai, que morria de medo e daria tudo pra que ela fosse com o motorista para as aulas de piano que fazia todas as manhãs de segunda, quinta e sexta (dias exatos que ele estava ali). Ele nunca a viu, mas ela já o notava a algumas semanas.
Numa manhã de quinta, lá estava ele desenhando. Ela, assim como as outras pessoas, na maior correria para sua aula. Ao passar por ele, nem o percebe. Mas no milésimo quase imperceptível segundo, a folha arrancada do caderno dele cai no chão e flutua pelo ar em meio a multidão, caindo exatamente a centímetros curtos aos pés dela. Ela, mas do que imediatamente, pega o papel para saber do que se trata, sem nem sequer imaginar DE QUEM seja, na realidade.
De repente uma voz meio rouca e apaixonante diz:
- Ei menina isso é meu!
Ela o olha, suspende a cabeça e percebe que era ele, o menino. E naquele instante, ele se depara com algo muito além, nada parecido com os rostos que já estava acostumado a ver todas as manhãs. Havia algo naquele olhar, naquele cabelo que o paralizou. Ficaram segundos eternos se olhando. Até que devido ao caos do lugar, ela é empurrada para dentro do trem e ele intácto a observando.
Ao entrar no trem e olhar o papel, ela se vê nele. Pensa então que ele também já a observava de longe. Mas não. O fato de ele ter ficado em choque ao vê-la, é porque jamais imaginou que a garota que aparecia em seus sonhos, fosse uma das pessoas que estariam no lugar que ele tinha como refúgio da vida, e até mesmo de amenizar a dor de não poder encontrar a garota que ele tinha por perto a vida inteira, mesmo sem conhecer.

Desencontros necessários.

   Repensando sobre coisas passadas, percebo o quanto já fui feliz, mesmo com certas contradições. Nunca fui de me apaixonar de verdade, embora tivesse aquela mania incessante de ficar me "encantando" pelas pessoas. Bastava um jeitinho admirável para me fazer estremecer. Antes, me achava uma boba por ser assim, mas algo muito mais forte me fez, dia após dia, enxergar as coisas com mais naturalidade, portanto, parei de me sentir culpada por certos atos meus. Creio que esse "algo mais forte" fosse a maturidade chegando.
  Mesmo assim, bem que já cometi coisas irreparáveis, uma delas foi de ter namorado pela primeira vez, através da internet. Minhas primas, alguns amigos, até mesmo meus tios já sabiam quem ele era, menos eu. No início me sentia extremamente desamparada por causa disso, mas o tempo foi passando e eu fui percebendo que qualquer pessoa na face da Terra poderia se sentir assim, mas não eu. Afinal, passei a conhecer ele de verdade, mesmo que pra isso os toques físicos tivessem de ser adiados. Dias e noites, e nós lá, digitando e digitando como se o mundo inteiro se resumisse numa coisa chamada: computador.
  Ouvi críticas quanto a isso, como: "fala sério, só tu mesmo pra namorar a distância, presta atenção na tua vida aqui, ele mora em outra cidade!" Fora quando não passavam horas rindo de mim. Isso, muitas vezes me fazia enfraquecer. Chorava sozinha, mas nunca deixava de contar a ele tudo sobre os meus dias. E acabava contando dessas brincadeirinhas, contava pra ele num tom de estar querendo desistir... Mas lá vinha ele novamente, mostrar pra mim que sempre existiria um outro lado, lado esse que ele dizia ser nosso. O nosso mundo, o nosso namoro, o nosso amor. Amor esse que ele alegava do jeito mais lindo, que era diferente de todos os outros. Não por ser a distância, e sim porque apesar de ser a distância, era o mais verdadeiro (quem sabe até o único) no qual já havíamos passado.
  Hoje, percebo a importância de cada acontecimento. Percebo quanto tempo já perdi, mas que na realidade só me causou bem. Embora tenha sido tão pouco, tive uma plena felicidade. Viver algo platônico não se resume a todas as pessoas. Se tem algo pelo qual me orgulho, é de ter sido capaz de passar por isso tão bravamente. Isso que definitivamente, não é e jamais será pra qualquer um.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Puros fakes andando por ai...

   Uma menina linda, beirando os seus 17 anos recebeu o primeiro pé na bunda de sua vida. Ele já tem seus 25 anos e vejamos, conseguiu o que queria. Ele tem carro, faz faculdade de medicina e a última coisa que quer agora é criar laços afetivos com alguém, porque o sentido da vida dele agora é sair, beber, ficar com metade da cidade. Mas vamos ao que interessa, no carro, na porta da casa dela ele dá a facada: "precisas de alguém com a tua idade, portanto não podemos ficar mais juntos, mas eu adorei tudo com você." Sim, tudo mentira. Mas, ela muito forte sai do carro e diz apenas: "relaxa." Ele até fica espantado, não esperava essa reação. Mal sabe ele que não passa de um teatrinho juvenil. Meninas que estão lendo esse texto agora, sabem o que aconteceu. Ao entrar em casa, as lágrimas vieram, junto delas o telefone e o sorvete. "Mas é claro que eu não ia dar uma mancada dessas de chorar na frente dele né amiga, fala sério." Isso é o que ela diz enquanto segura o telefone e a colher do sorvete, caindo em lágrimas e falando com a best friend. Então, ela agradou a quem? Ao próprio ego. Quem sabe. Mas o teatro aplaudido de pé vem depois, quando ela sai de casa, e o encontra no shopping com um mulherão. A primeira reação ao vê-los de longe é: "MEU DEEEEEEEUS AMIGA OLHA AQUILO." A vontade de chorar, gritar e sumir dali é a parte verdadeira. Mas as coisas não saem bem assim. Ao perceber que eles passarão ao lado dela, ela suspende o rosto e os olha fundo e na maior da educação os comprimenta como se nada, absolutamente nada tivesse acontecido. Agora, saber o que ele pensou quando viu uma reação que jamais esperaria dela, já são outros 500. Se eu soubesse, teria todos os meus ex, atuais, futuros nas mãos. Até mesmo porque, nunca dá pra saber o que passa pela cabeça de homem. Isso quando não passa nada. (Brincadeirinha)
   A verdade mesmo é que ela estava apenas sendo alguém que não era. Sim, ela sempre foi muito educada. Mas não a ponto de falar com o "ex amor de sua vida" como se estivesse falando com a atendente da lanchonete, o porteiro da escola... Ela quis uma única coisa: provar! Provar pra ele que é capaz de esquece-lo em três tempos e que a ama acima de tudo. Mesmo que ao entrar no banheiro do shopping sinta o pior vazio que poderia sentir, e chorando, sim, o rimel já estava mais do que derretido. E a amiga, mas do que nunca, tentando a colocar para os altos dizendo: "foi P-E-R-F-E-I-T-O o que fizeste!"
   Sim, pode até ter sido. Mas por apenas 25 segundos. E de que adianta só isso se depois vão ser 25 horas de vazio? Vejamos, uma coisa é ser educado. Outra bem diferente é fazer algo que não queremos de jeito nenhum. Isso pode ser valioso por alguns momentos, mas nunca terá a característica de uma paz interior. Cada ato desse só nos faz menores. Sejamos sempre quem somos, mesmo que pra isso, tenhamos que dar umas mancadas por ai.

sábado, 1 de maio de 2010

Honrado tipo de ensino.

   Vi a pouco uma reportagem no Record News sobre um interior qualquer do país em que a professora de uma escola pública havia sido indiciada por chamar uma aluna de retardada. Visto que não foi o seu único ato, segundo declarações das próprias criancinhas.
   Mesmo caindo de sono, não pude deixar de ouvir essa reportagem. Ver e ouvir foi bem fácil, difícil mesmo foi conseguir acreditar nisso. Hoje em dia, todos em sã consciência sabem que o que gera um futuro promissor é a educação e saúde. Alguns pais trabalham duro para conseguirem um lugarzinho especial para seu filho em uma escola paga. Outros, apesar dos esforços, são capazes infelizmente de conseguirem uma vaga apenas em escolas do Estado (após horas, dias e noites numa fila). Tais pais acreditam que o filho ir para a escola é o primeiro passo para ter o tal do futuro espetacular. Acreditam fielmente que isso depende quase que exclusivamente da escola. Campanhas e propagandas no mundo inteiro deixam a todos bem informados de que a escola é o principal meio de aprendizado, tanto intelectual, quanto moral.
   Sim, corretíssimo! A escola é essencial. Mas diga-me, como se sentiram as mães da escolinha em que a querida professora cometeu atos tão imorais e sem absolutamente nada de intelectualidade? Será que pensaram nos traumas que poderiam afetar seus lindos filhotes? E como fica o conceito tão fundamental de que escola é a essência da vida? Claro, salve a grande maioria de professores que são aos muitos elogiados por esse ofício. Pois amam o que fazem. TAÍ! O segredo é AMAR o que se faz. Vai ver essa professora nem sequer é treinada pra isso. Vai ver ela assim como a maioria da população precisa de algo para sustentar-se e quem sabe até, para poder colocar seus filhos em uma boa escola. Ou então, ela não ama seu papel. É, o que está faltando nessas mentes é algo mais complexo e lindo: amor! Amor por seu trabalho, pronto. Isso já nos faz amar a tudo o que nos cerca.
   Vai ver, ela queria apenas passar aos seus alunos o estresse no qual a acompanha durante toda a vida. Talvez porque se sinta revoltada por não ter tido a educação que seus alunos esperavam tanto encontrar nessa tal escolinha.

domingo, 25 de abril de 2010

linda Martha Medeiros.

"Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu anti socialismo interno.
Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.
Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. Faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessas horas não sei onde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.
Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também."


E mais uma dose de Martha, obrigada!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Só, juro que é SÓ pra registrar.

   Quero ter que não acreditar e não esperar. Sabe, não dá! Cansei das mesmas histórias e ao mesmo tempo da grande falta delas. Busquei depois de tanto tempo outros sentidos, lugares, quem sabe até pessoas. Esperei ontem, ao contrário de hoje e provavelmente de amanhã. O tempo? Ah, o tempo! Quem me dera se ele curasse. Mas tadinho... Ele já faz tanto por mim, há muito ele vem amenizando minha dor. Se bem que ainda continuo um pouco como antes... Dormindo, estudando, mas me preocupando como antes? Quem sabe, acho difícil hein. Não vou radicalizar, porque coisas também mudaram desde lá: novas amizades, novas coisas legais e finalmente, uma mudança brusca de perspectiva pessoal. Eu ainda sou aquela menina de 1 ano atrás, mas jamais com as mesmas vontades. Aprendi desde aquele último “abismo”, que ele seria o último. O último “abismo” no qual fui até o final, onde não chorei, quer dizer... Chorei sim, chorei muito! Mas, se é que me entendem, sem lágrimas. Pra ser mais clara: a seco. Sofri, gritei e lamentei tudo o que eu tinha direito. E a opinião dos outros? Joguei fora! Que se dane, pois eu fui até onde eu quis, ou melhor, ate onde deu. E isso foi exclusivamente problema meu. Realmente já estava na hora de eu me guiar por mim mesma, e ver sozinha a conseqüência de tudo o que eu quero pra mim.
   E quem diria que aqueles momentos tão hostis seriam responsáveis por uma nova Jéssica, com novos pensamentos, novos ares e pessoas. Hoje em dia eu quero mais, não mais por ambição e sim por JUVENTUDE, por prazer, por plenitude! Que agora venha tudo de bom de uma vez só, e com uma dose a mais de Verdade. Eu teimo em querer sempre colocá-la no meio, mas desculpem, sem isso eu nunca vou ter ou SER.
   E os dias? Ah esses dias. Só eles sabem o valor e o poder que possuem. São os únicos capazes de dar a resposta a que todos temem: deixar claro quem é quem e o que cada um representa para alguém (se é que me entendem). Aprendi com esses dias que eu jamais posso e nunca vou exigir nada de ninguém. Que o segredo esta em arriscar sim. A incerteza é valiosa. Se não fosse por ela o mundo seria tão sem graça, se já não é, não é mesmo? Mas tudo bem, a tal da incerteza ameniza esse tédio universal. Ela é a portadora, sem ela não existiria o risco. Ele não tem sentido, mas nos faz ir atrás de alguma razão que justifique nossas dúvidas.
   E foi exatamente o risco que me deu forças para ir em frente e descobrir o que havia por trás do que eu passei. É, mais uma vez como tantas outras nada saiu muito bem. Mas a consciência é limpa, se não gostou de mim, isso já não tem nada a ver comigo! Não chego a culpar a incerteza por isso, muito menos a mim mesma. Ora, vejam só, eu me culpar! Afinal, eu tive o papel mais bonito nisso tudo, digamos até o principal: eu amei...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ele.

Se antes era impossível, até que agora mudou pra pouco provável. O que era aparentemente inofensivo, agora já buscou novas proporções, quem sabe até, uma chance. A chance. Aquela que ela nunca mais terá em sua vida. Ou será que existem milhares iguais a ele espalhados por ai? Sim, ela a muito já havia constatado o óbvio de que todos são iguais, e também já havia se conformado de que ainda iria sofrer um pouquinho (pouquinho foi educação) para que um dia as coisas se acertassem. O que ela ainda não percebeu é que nada, absolutamente precisa ser acertado. O segredo do negócio está no medo, no desejo escondido e na vontade insasiável para ter a coragem de dizer: "oi, essa chuva não passa mesmo, hein?!" Nunca uma frase foi tão bem ensaiada e detalhadamente formulada, mesmo sem certeza alguma de que ela teria uma chance de dizer. Se bem que, chover já está mais do que selado. O caso é, ele estar lá para ouvir isso, e poder concordar ao menos com um sorrisinho. Milésimos de segundos guardados na lembrança dela. Seria fantástico!
O dia finalmente chegou, ela sai aos poucos, empurrando as pessoas insignicantes (são os figurantes, ela pensava...), então, olhou pra ele. Sim, ele estava ali, no mesmo lugarzinho esperando seu pai ou mãe chegar. Ela pensa nesse instante que seu plano não falharia! Tenta se aproximar discretamente, mas antes mesmo de soltar a tal frase, percebeu que havia faltado um detalhe, cadê a chuva? É, seu plano foi por água a baixo, mas não literalmente (pequena piadinha interna) para tentar rir e não sentir-se mal com mais um plano jogado fora, sem realização. Para piorar, os pais dele chegaram. E lá se foi, mais um dia, de mais horas esperando, reavaliando, vendo, revendo as fotos dele e imaginando, imaginando... Mais um plano infalível ela anotava no papel. O que ela não sabia, o que nem passava pela sua cabeça, era o real significado do que ela fazia. Não havia tocado-se ainda, que quanto mais tentasse fazer com que as coisas acontecessem de alguma maneira, mais ainda seria em vão. Nada pode ser planejado, nem que seja pelo motivo mais lindo ou urgente! Mas, lá estava ela, formulando mais algum plano infalível para o dia seguinte...

Sem sombra.

"Acorrentado em todos os lugares que ele não deseja estar. Junto com todos os pesos de todas as palavras que ele tenta dizer. Enquanto eles pegam a sua alma eles roubam seu orgulho"

(Noel Gallagher)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Esqueceram...

Esqueceram. Esqueceram de dizer obrigada, esqueceram de cantar no banho, esqueceram de dizer pro irmão caçula que ele nem é tão irritante assim, e que assistir O homem aranha com ele é bem melhor do que dormir. Esqueceram de dizer que todo dia é dia das mães e que assim como ontem, é dia de chuva, então por que o medo de se molhar? Esqueceram de desligar a torneira enquanto escovavam os dentes, deve ter sido por isso que deu aquela enchente mais uma vez. Esqueceram de avisar que roupa bonita não é o que te deixa bonita, e sim tudo o que só alguns são capazes de enxergar em ti. Esqueceram de desativar o modo foda-se, deve ser por isso mesmo que quase mais ninguém se respeita mais. Esqueceram de dizer "eu te amo" na hora no café, deve ter sido por isso que eu fui assaltada ao sair de casa. Esqueceram a chave do carro do lado de fora e por isso fiquei trancada, não pude mais andar o resto do dia. Esqueceram de dormir mais cedo ontem, deve ter sido por isso que de manhã estavam todos de mau-humor. Devem ter esquecido que o mundo vai acabar, deve ser exatamente por isso que as coisas perderam a verdadeira importância...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Live.

Querer ter tudo ou nada sinceramente não resolve muito as coisas. Certas pessoas ficam tão focadas no que querem que acabam portanto esquecendo de que por trás existe uma vida inteira pra ser aproveitada, seja como for. Em meio a tantas possibilidades, está a relatividade. Cada um pensa de um modo, ponto. Mesmo que pra mim seja improvável hoje em dia encontrar alguém que VIVA realmente. Alguns pensam que esse verbo vale quando saimos pra festa, enchemos a cara e nos orgulhamos de uma ressaca. Nossa, quanta fraqueza. Existe, porém, outros que acreditam que viver estar em estudar muito, passar no vestibular, ter muito dinheiro e portanto estar completo na vida.

Embora eu ache absolutamente vazio e sem sentido beber só pra ficar porre, pra tantas outras pessoas isso sim é um sinônimo de viver, de aproveitar, de se divertir. Assim como não gosto de estudar, mas eu sei que isso é um divertimento pra alguém. Enfim, a verdade mesmo é que se viva, com aquela pequena certeza de que podemos ser quem queremos, na hora e no momento que nos convenha, fazendo aquilo que queremos, independente da opinião de alguém. E que o importante mesmo, seja sentir-se vivo, o resto é o resto.

segunda-feira, 15 de março de 2010

I found myself in Wonderland

É um misto, uma confusão, uma conturbação. Pior ainda é que parece não ter volta, ou quem sabe fim. É perturbador acreditar em uma ilusão e pior ainda é conseguir transformar uma mentira na sua própria verdade. Nos ensinam como Deuses que só é válido aquilo que é fato, que é sólido. Então por que existem mentiras? Que direito eles têm de enganar pra conseguir o que querem? E de onde, portanto vem a capacidade de sempre querer que as coisas aconteceçam de outro jeito? E de onde vem essa vontade absurda e esses medos de todo mundo? De onde vem essa certeza de que por ser doente, o mundo já está perdido? O que não sabem é que ele se perde por todos os amores não correspondidos, por todas as mortes, por todas as chances perdidas e principalmente por tudo o que poderia ser feito e não se fez. O castigo vem nessa coragem que todos tem de apontar o dedo, de duvidar dos outros, de achar que não dá ou por simplesmente não querer tentar. Dai vem o resultado de sempre ser assim: querer apenas o que não se pode ter. E isso é culpa de quem mesmo?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Milésimos.

Tentar reverter tudo o que foi e não era pra ser. Ou que deveria ser mesmo, sei lá. Opções a parte, o importante é a saudade que fica de coisas ou pessoas, quem sabe até lugares que de algum modo ficaram pra trás. Dai a vontade de reverter tudo ou pelo menos quase tudo. Eu nunca fui muito de prender as coisas, se tiver que ir, então vá, mas se quiser ficar, faria de tudo um pouco pra ter o sorriso de quem eu amo ou um sol bonito no lugar que eu não quero nunca deixar... A vontade nem sempre mostra poder, fazer, ir e ter. Na verdade é tudo bem traiçoeiro, esses momentos bons que passam rápido demais, deveriam nem existir então não é? Já que não teremos pra sempre, que nem aconteça então! Mas a verdade mesmo, a essência de tudo é exatamente  transformar os pequenos momentos bons em suaves lembranças marcadas, mesmo com o passar do tempo, e principalmente, eternizadas na alma de quem teve o prazer de viver os melhores milésimos, centésimos e quase imperceptíveis segundos...