sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vejo.

Vejo gente, vejo formas, cores, ruas. Vejo o sol nascendo, vejo as coisas que compro, vejo a lua, vejo as pessoas que amo e os lugares que vou. Vejo as casas, os prédios, vejo minhas roupas, maquiagens, minha chapinha, meus papéis. Vejo a água caindo da torneira, a claridade que me acorda, a comida que tenho todo o dia. Vejo meus amigos, minhas cartas, vejo meu cabelo molhado, seco, bagunçado. Vejo morte, pela tv, vejo sangue, pela tv. Vejo fome, miséria, corrupção, tudo pela tv. Vejo cenas fortes, vejo lugares que nunca gostaria de estar, pela tv. Vejo cores vivas, cores fracas e sei que não quero vê-las de perto, só pela tv. Vejo pessoas chorando, com sede, com aids, com câncer, desnutridas e desamparadas, mas nunca perto, sempre pela tela da tv. Vejo pessoas gritando por comida, por remédios, por coragem e aclamando por esperança. Vejo-as pedindo, suplicando por alguém, vejo-as sendo devoradas por animais, vejo-as aos montes morrendo por falta. Falta de hospitais, falta de grana, falta de trabalho, falta de religião, de Deus, falta de alguém pra ajudar, falta de vida. Vejo tudo e mais um pouco, pela tela da televisão. Vejo tudo, sinto o que posso e faço apenas o que quero fazer. Parece que não só eu, todo o mundo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Foi engraçado como tudo aconteceu, quando eu parei de esperar"

  Eu sempre olhava ao redor e via certos amigos, conhecidos, parentes muito felizes. Alguns estavam ficando noivos, outros casados e alguns namorando. E o que tinham em comum era o fato de estarem rindo à toa... Eu sempre olhava e achava lindo mesmo! Já sonhei acordada várias vezes, esperando alguém vir e mudar logo aquela situação e me fazer igual aos outros: rindo à toa!
  O tempo passava, com ele surgiam novas pessoas, alguns garotos nos quais jurei que fossem me proporcionar o que eu tanto queria. Pura ilusão, os primeiros me iludiram. Dai passei a esperar alguém bem melhor. E não é que apareceu? Mas esse "melhor" durou apenas algumas semanas, até eu ver quais eram as verdadeiras intenções do sujeito.
  Mais uma vez o tempo foi passando e com ele minha paciência para assuntos que fossem relacionados a relacionamentos verdadeiros. Minhas opiniões sobre isso foram mudando gradativamente. Quando me toquei, já estava olhando pros casais e pensando no quão era estúpida essa história de se casar, de namorar, de sei lá o que fosse! Eu achava ridículo aqueles apelidinhos carinhosos e aquelas doses de "eu te amo".
  Com o tempo eu havia constatado o óbvio, de que tinha me amargurado sem perceber. Não via mais beleza no que era mais lindo, aquelas coisas que antes me cativavam, já não me surpreendiam mais, muito pelo contrário, existiam coisas nas quais eu abominava.
Tudo ia bem, era o que eu pensava. Sem amores, sem dores. Esse era o meu lema. Não esperava absolutamente nada. Não fazia esforço pra nada. Sofria sim, mas a sós, comigo mesma e em momentos raros.
  Eu me tornei uma pessoa estável, era isso. Continuava com minhas rotinas de ir a aula, ao dentista, ao cabeleireiro, ao shopping, a praça... Relacionamentos? Só se fossem os que eu tenho com meus amigos e familiares, de resto nada me vinha a cabeça. Vivi assim por muito tempo, sem esperar. Na realidade sem nem me tocar de que não estava esperando alguém.
  Foi incrível como algumas coisas aconteceram depois. Sabem de uma coisa? Eu acabei por conhecer alguém que eu já não esperava mais. Alguém que me fez enxergar tudo diferente, mesmo que pra isso não forçasse, tudo acontecendo naturalmente. Sem cobranças, sem tantas certezas, e o principal, sem aquela espera incontrolável de alguém que me fizesse rir à toa. A cobrança havia sido anulada nessa história. E engraçado mesmo é que foi a melhor história de todas. Na verdade, essa foi a primeira.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Só não pense que eu esqueci...

...das horas perfeitas de momentos eternizados. Não pense que joguei pro alto aqueles conselhos sempre tão certeiros e aquelas incertezas que sempre eram certas. Não pense que esqueci dos abraços e da prova de amizade a cada conversinha, por mais idiota que fosse. Vê se não fica por ai dizendo que eu não me importo ou que não faço questão de ter ter por perto, afinal, como disse alguma outra vez: és única!
   Não pense que eu esqueci dos momentos difícieis que enfrentamos ou nas gargalhadas que nós demos, nas idiotices que a gente falava e até daquelas vezes que a gente jurou uma pra outra que somos amigas acima de qualquer problema. Não pense que eu esqueci daquelas fofocas que vinhas me contar, e até dos nossos "pits" por pessoas assim... tão pequenas. Não quero que aches que me esqueci da confiança que deposito em ti até hoje e do orgulho que sinto de mim mesma por ser capaz de guardar teus segredos, alguns tão inseguros e tão seus.
   Não quero que aches que me esqueci do apoio que já me deste, e da vontade com a qual me fizeste sentir vontade pra acreditar e saber afastar aquelas pessoas que eram tão contra mim. Hoje mais do que tudo, te agradeço. Obrigada por provar ser uma das pessoas mais especiais que a vida já me deu em meio a tanto caos. Obrigada além de tudo, por provar seres extremamente única, mesmo que isso nem seja intencional. Já aprendi muito, e por favor não pense que eu esqueci.

Pra minha amiga linda, Bianca Duarte. É mana, Feliz aniversário!

domingo, 8 de agosto de 2010

Ouçam:

"Resposta" do Skank

e só!

Condene-se (?)

De vez em quando eu testemunho algum papo mais ou menos assim:
- Ah amiga, meu passado me condena!
- É, lembras daquele Fulano? COMO EU PUDE?
- E tu lembras do Cliclano? Gente ele era gordo. Eu era cega mesmo!

  Alô! Isso é condenação? Em que mundo estamos, alguém me responde? A gente deveria era se sentir condenado por certas besteiras que já falamos pra ofender, por atitudes que tomamos para ferir alguém ou a nós mesmos, e não por alguma pessoa que beijaste por algum motivo que hoje desconheces. Ser cego de verdade é simplesmente fechar os olhos pro resto do mundo e se concentrar apenas naquilo que seja apenas pra si.
  A gente deve se condenar mesmo pelas chances que deixamos passar, por pessoas que deixamos de amar, ou por aquelas que amamos demais. Pelo emprego que não pagava bem, mas que fez uma falta tremenda depois que foi preciso 100 reais pra pagar o conserto do carro. A gente deve se condenar por estar tão acostumado com pessoas carentes e não se sensibilizar com uma criança na janela do carro pedindo qualquer coisinha que nem faria falta. Temos que nos condenar pela falta de vontade de ser feliz, de deixar a felicidade bater a porta e dizer "agora não", a gente precisa se condenar ao sair de casa pra ir ao shopping, pra algum bar, para o caramba e não dar nenhuma olhadinha pro lado de fora do carro e prestar atenção no pôr-do-sol. 
  Sem dúvida abomino certos garotos com os quais eu fiquei, mas jamais me condeno por isso! Eu hein, me poupe, afinal, nem paro pra pensar nisso! A abominação é tamanha que até me esqueço. Mas me desculpe, ME condenar por esse tipo de coisa já seria demais! Me condeno sim, mas por coisas que realmente valeram a pena e que deixei passar, por algum motivo qualquer, sei lá...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa"

Quero correr mais, mas algo para por mim. Não julgo mais, mas alguma coisa julga dentro de mim. Há lugares em que não me fascinam e existem pessoas que quero distância, não por apenas achá-las chatas. É algo além, muitas delas são até legais, mas não possuem aquilo... brilho. Não me refiro ao brilho de uma celebridade que vive tonta de tanta gente que rodeia. Me refiro a um brilho direfente, constante. Algo diferente no olhar. Algo que reluz quando é olhado e ilumina quando todos os outros olhos se fecham. Um olhar que fala por si, que não necessita de olfato, paladar, tato. Ele sozinho, dá conta de tudo de uma só vez. Ele é capaz de iluminar um quarto escuro, e pôr luz em algum quatro de artes monocromático. Esse olhar, te motiva, te diz sem dizer: "vai lá, eu te guio por aqui de onde estou." Então, corres pelas estradas e percebes que os caminhos te iluminam no decorrer de suas caminhadas, até o final. 
 De imediato, a luz é tão forte, que dói. Pra alguns, ela dói até hoje, pra outros só por alguns dias, logo depois se apaga. Existe também alguns que não se atrapalham com nada, porque nunca conseguem enxergar nem um pontinho dessa luz. Para aqueles que conseguem enxergá-la, o foco já surge antes mesmo de ser pedido. É a luz, que te ilumina em qualquer estrada. E quanto mais você acredita, por mais tempo ela ilumina. A luz se chama Essência, e ela não se apaga no meio do caminho, porque ela está dentro de você!

Liberte-se


  Não sei o que me vem na cabeça quando escrevo. Poderia dizer que são apenas as palavras mesmo, que aos poucos, como água, escorrem pelos meus dedos e que por consequência, tocam as pessoas de alguma maneira. Nunca me achei disposta a escrever apenas para fascinar alguém, mas sei que tenho o dom. Assim como todo mundo tem. Nem todos o da escrita, mas para conhecimentos espetaculares, como astronomia, tecnologia, gastronomia, ciências exatas e mais! Cada um, por maior que seja a modéstia, sabe o que tem a oferecer e por consequência, encantar.
  Antes eu era tão assim, aflita. Sempre me preocupava com os olhares e as opiniões das pessoas ao redor. Hoje, percebo que críticas são válidas sim, mas nunca para definirem de fato o que sou. Esse mundo pertence a mim, e não há palavra maior que a minha ou tom mais agudo que o meu que me faça achar que o meu mundo está relacionado ao que vem de fora. Aqui ninguém entra, ninguém sai. Quer dizer... há momentos que preciso sair, voar, ir, correr, sentir! Mas assim como uma criança obediente: vou, mas volto.
Palavras quando são ditas por mim, não sinto que valham tanto. Mas quando escrevo, por favor, leia. E por mais que não se fascine, me respeite. Eu jamais lhe ofenderia, mesmo que sua qualidade não me motivasse.
  Com o tempo, aprendi a ser assim. Não estou dizendo que estou acima de alguém. Estou acima sim, mas de mim mesma. Agora faço o que gosto, não o que simplesmente fazem. Escrevo o que quero, não o que querem que eu escreva. E embora tanta correria, ando cada vez mais calma, cada vez mais dentro de mim. Não quero que se sintam como eu me sinto, mas garanto que se soubessem o quanto é bom se libertar, de dentro pra fora, assim fariam.